terça-feira, 10 de julho de 2012

PARA OS ALUNOS DO 3º ANO/NOITE APELES

Aqui vai o conceito de crase para os que não tem. Postarei o exercício mais tarde. Atenção! Vale nota.



CRASE

Crase é a fusão de duas vogais idênticas. Representa-se graficamente a crase pelo acento grave.
Fomos à piscina
à 
artigo e preposição
Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a e outro termo que aceite o artigo a.
 Para termos certeza de que o "a" aparece repetido, basta utilizarmos alguns artifícios:
I. Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer ao ou aos diante de palavras masculinas, é porque ocorre a crase.
Exemplos:
Temos amor à arte.
(Temos amor ao estudo)
Respondi às perguntas.
(Respondi aos questionário)
II. Substituir o "a" por para ou para a. Se aparecer para a, ocorre a crase:
Exemplos:
Contarei uma estória a você.
(Contarei uma estória para você.)
Fui à Holanda
(Fui para a Holanda)
3. Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão voltar da,é porque ocorre a crase.
Exemplos:
Iremos a Curitiba.
(Voltaremos de Curitiba)
Iremos à Bahia
(Voltaremos da Bahia)
Não ocorre a Crase
a) antes de verbo
Voltamos a contemplar a lua.
b) antes de palavras masculinas
Gosto muito de andar a pé.
Passeamos a cavalo.

c) antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V.Sa. com aspereza
Dirigiu-se à Sra. com aspereza.

d) antes de pronomes em geral:
Não vou a qualquer parte.
Fiz alusão a esta aluna.

e) em expressões formadas por palavras repetidas:
Estamos frente a frente
Estamos cara a cara.

f) quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:
Não falo a pessoas estranhas.
Restrição ao crédito causa o temor a empresários.

Crase facultativa
1. Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me à (a) Julinana.
2. Antes de pronome possessivo feminino:
Dirija-se à (a) sua fazenda.
3. Depois da preposição até:
Dirija-se até à (a) porta.
Casos particulares
1. Casa
Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase.
Exemplos:
Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais

2. Terra
Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não ocorre crase.
Exemplos:
Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.

3. Pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aqueles, aquilo.
Se o tempo que antecede um desse pronomes demonstrativos reger a preposição a, vai ocorrer a crase.
Exemplos:
Está é a nação que me refiro.
(Este é o país a que me refiro.)
Esta é a nação à qual me refiro.
(Este é o país ao qual me refiro.)
Estas são as finalidades às quais se destina o projeto.
(Estes são os objetivos aos quais se destino o projeto.)
Houve um sugestão anterior à que você deu.
(Houve um palpite anterior ao que você me deu.)

Ocorre também a crase
a) Na indicação do número de horas:
Chegamos às nove horas.
b) Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha oculta:
Usam sapatos à (moda de) Luís XV.
c) Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento:
Chegou à tarde (tempo).
Falou à vontade (modo).

d) Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de...
OBSERVAÇÕES: Lembre-se que:
Há - indica tempo passado.
Moramos aqui  seis anos
A - indica tempo futuro e distância.
Daqui a dois meses, irei à fazenda.
Moro a três quarteirões da escola.

sábado, 7 de julho de 2012

PÍLULAS DIÁRIAS DE LITERATURA

SouSou o que sabe não ser menos vão 
Que o vão observador que frente ao mudo 
Vidro do espelho segue o mais agudo 
Reflexo ou o corpo do irmão. 
Sou, tácitos amigos, o que sabe 
Que a única vingança ou o perdão 
É o esquecimento. Um deus quis dar então 
Ao ódio humano essa curiosa chave. 
Sou o que, apesar de tão ilustres modos 
De errar, não decifrou o labirinto 
Singular e plural, árduo e distinto, 
Do tempo, que é de um só e é de todos. 
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada 
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada. 

Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"

quarta-feira, 4 de julho de 2012

PÍLULAS DIÁRIAS DE LITERATURA

"Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo,tudo,tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura".
          
                  Paulo Leminski

terça-feira, 3 de julho de 2012

PÍLULAS DIÁRIAS DE LITERATURA

"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, tô despreocupado, com a vida eu tô de bem."
                                                                       Caio Fernando Abreu"

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Alunos do 3º ano Noturno Escola Apeles.

Façam uma PRODUÇÃO TEXTUAL onde se candidatam a uma vaga de emprego numa conceituada empresa. Realizem a tarefa e me entreguem na próxima aula. A tarefa é muito importante para vocês que estão entrando no mercado de trabalho, onde só os mais qualificados tem sucesso.Ah! Um pequeno detalhe. Vale nota. 
Abraços

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Tarefa 1º ano Politécnico Noite


ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA APELES PORTO ALEGRE


NOME.......................................................................TURMA................


A BAILARINA E O VASO CHINÊS

      Ele era um vaso chinês.Dizem que tinha gerações de história e por isso o reverenciavam. E a reverência dava-lhe um pedestal de orgulho, de forma que guardava em si mesmo suas palavras, pois fazia conta de que fossem de grande valor.
     Era um vaso chinês, mas era vazio. Não o enchiam com água para depositar nele rosas e outras coisas efêmeras.
     Certo dia, ele conheceu a bailarina da caixa de música e encantou-se pelos seus movimentos graciosos. Mas ela não fez caso daquele amor.
     __ Ah! Não posso amar-te. Veja como sou livre e posso dançar? Somos tão diferentes. Não sei que seria de mim se me fosse reservado um pedestal, como esse em que te prendes.
     Invejo-te, eu confesso. Depositaria em tuas mãos todo o meu passado, para que tu o atirasses para o alto como pó inútil, como se isso me tornasse alguém digno de ti, se isso fosse mágica que me transformasse num par com leveza e graça para acompanhar-te numa música eterna.
     E o vaso chinês continuava cada vez mais vazio. As palavras que guardara como se fossem tesouro escapavam dele, mas sequer conseguiam chegar ao coração se sua amada, desvanecendo-se na distância entre o pedestal e a estante onde ela morava.
     Certa noite, o vaso acordou de seu sono de porcelana. Pensara ter ouvido  a doce melodia da caixinha de música. Logo percebeu que ela estava fechada em seu lugar e que a música era apenas o eco da paixão que, daquele dia em diante, passou a atormentar suas madrugadas.
      Um dia, o destino, que tem mãos descuidadas de crianças, excedeu-se ao dar corda à caixinha, de modo que a mola da engrenagem quebrou.
      Lamentou-se a bailarina de seu triste fado. A pista de espelho tornou-se um pedestal de gelo, que refletia sua imagem inerte e triste.De longe, também o vaso chinês se condoia com o desamparo de sua amada.
      __  Ah, minha pobre bailarina. Lamentava-me de não ser livre como tu eras, mas hoje vejo-te presa a uma inocente criança. E eu, que me imaginava o mais inerte dos seres, sou de fato mais livre, pelo amor que sinto e que dá sentido à minha vida!
      __ Creio na sinceridade desse amor. Mas que posso eu fazer para corresponder-te? Tu me amavas pelo que eu era, mas que sou agora?
      __Amo-te com a mesma intensidade.
      __ Como podes contentar-te com tão pouco? Apenas olhar-me?
      __Se tudo que posso é olhar-te, então o que mais desejo. Mas tenho em mim guardada a fonte de tua felicidade e sei, como sei que te amo, que um dia depositarei em tuas mãos não o meu passado mas, aquele tempo que nos foi reservado e que virá.
      __ Chegou o dia em que as mãos infantis tentaram novamente acionar a caixinha de música.  Irritada com o mecanismo que não mais funcionava, agarraram a pequena bailarina e a atiraram a esmo.E ela foi cair justamente dentro do vaso chinês. Onde um baile acontece todas as madrugadas e dois corações agora dançam.
                                                                                             Marco Túlio Costa

Procure no dicionário o significado das palavras abaixo:

Reverenciar-


Pedestal-



Efêmera-



Desvanecer-



Fado-



Inerte-



Condoer-



Esmo-







Interpretação do texto

1-     Quais são os personagens do texto?





2-     Como era a vida da bailarina antes do triste episódio de perder a liberdade?




3-     O que você achou da atitude do vaso chinês diante do acontecido?




4-     Na sua opinião, que lição de moral a bailarina teve depois do que aconteceu com ela?

atenção alunos do 1º ano Politécnico Noturno a interpretação abaixo vale nota!


O VILARES
Havia, no colégio, três companheiros desagradáveis. Um deles era o Vilares. Menino forte, cara bexigosa, com um modo especial de carregar e de franzir as sobrancelhas autoritariamente.
Parecia ter nascido para senhor do mundo.
No recreio queria dirigir as brincadeiras e mandar em todos nós. Se a sua vontade não predominava, acabava brigando e desmanchava o brinquedo.
Simplesmente insuportável. Ninguém, a não ser ele, sabia nada; sem ele talvez não existisse o mundo.
Vivia censurando os companheiros, metendo-se onde não era chamado, implicando com um e com outro, mandando sempre. (…)
Não tinha um amigo. A meninada do curso primário movia-lhe a guerra surda. E, um dia, os mais taludos se revoltaram e deram-lhe uma sova.
Foi um escândalo no colégio. O vigilante levou-os ao gabinete do diretor. O velho Lobato repreendeu-os fortemente. Mais tarde, porém, chamou o Vilares e o repreendeu também.
Eu estava no gabinete e ouvi tudo.
- É necessário mudar esse feitio, menino. Você, entre os seus colegas, é uma espécie de galo de terreiro. Quer sempre impor a sua vontade, quer mandar em toda a gente. Isso é antipático. Isso é feio. Isso é mau. Caminha-se mais facilmente numa estrada lisa do que numa estrada cheia de pedras e buracos. Você, com essa maneira autoritária, está cavando buracos e amontoando pedras na estrada de sua vida.
E, continuando:
- Você gosta de mandar. Mas é preciso lembrar-se de que ninguém gosta de ser mandado. Desde que o mundo é mundo, a humanidade luta para ser livre. O sentimento de liberdade nasce com o homem e do homem não sai nunca. É um sentimento tão natural, que os próprios irracionais o possuem. E louco será, meu filho, quem tiver a pretensão de modificar sentimentos dessa ordem. Ou você muda de feitio, ou você muito terá que sofrer na vida.
(VIRIATO CORREA. Cazuza. São Paulo, Editora Nacional)





Após a leitura do texto responda às questões:
1. Assinale a alternativa que combina com o texto.
a. (   ) O texto é sério, porque relata um acontecimento desagradável.
b. (   ) É formativo porque, através do diretor do colégio, mostra como se deve corrigir um comportamento reprovável.
c. (   ) É um texto cômico, engraçado.
2. Quais são as personagens do texto?
3. Assinale a alternativa correta:
a. (   ) O narrador não é personagem do texto.
b. (   ) O narrador é personagem do texto, porque ele se inclui entre as pessoas que participam da história.
c. (   ) Não existe narrador nesta história.
4. Quem é o protagonista, isto é, o personagem principal da história?
5. O autor descreve o Vilares informando algumas características dele. Transcreva a parte do texto em que o narrador descreve os aspectos físicos do Vilares.
6. Identifique, de acordo com o texto, entre as características psicológicas dadas abaixo, as que se encaixam no personagem Vilares.
Humilde – briguento – metido – tolerante – sabichão – insuportável – cordial – bondoso – autoritário – implicante – simpático – antipático – desagradável – egoísta – quieto
7. No texto, o diretor usou três frases para caracterizar o autoritarismo do Vilares. Assinale-as:
a. (   ) “… é uma espécie de galo de terreiro.”
b. (   ) “Caminha-se mais facilmente numa estrada lisa”.
c. (   ) “Quer sempre impor a sua vontade.”
d. (   ) “… quer mandar em toda a gente.”
e. (   ) “… ninguém gosta de ser mandado.”
8. Que outro título você daria ao texto?
9. Assinale as alternativas que resumem as mensagens do texto:
a. (   ) A convivência com uma pessoa autoritária é desagradável.
b. (   ) A meninada da escola costuma mover guerra surda.
c. (   ) Os diretores são autoritários em suas repreensões.
d. (   ) As pessoas têm um forte sentimento de liberdade e geralmente não aceitam as imposições das pessoas autoritárias e mandonas.


RETORNO

Alunos, estou reativando o blog para vocês. Sei que ás vezes é difícil ir para a escola na parte da noite. Como a maioria trabalha colocarei aqui as nossas tarefas para facilitar a vida de vocês. Sejam bemvindos ao mundo da LÍNGUA PORTUGUESA.

terça-feira, 9 de março de 2010

QUANDO FOR A SÃO PAULO NÃO ESQUEÇA DE VISITAR

AQUI CABE A PERGUNTA: O QUE FAZER?

Por Isabel Crippa
Percebo na escola onde trabalho, alunos totalmente desmotivados para o aprendizado, resistentes a toda a forma de limite. Parecem que vivem num mundo a parte, isentos de toda e qualquer regra que não sejam as deles mesmos. A televisão e o Orkut exercem total influência sobre suas vidas.
A disciplina de Língua Portuguesa, por ser a língua mãe, exige muito comprometimento do aluno, pois o mesmo para ler e compreender um texto precisa de ambiente calmo, relativamente silencioso, coisa que não temos em nossas salas de aula.
Crianças das mais diferentes classes sociais, com históricos familiares dos mais diversos, são colocadas nas salas de aula para "aprender", aprender o quê?
Crianças que não são especiais, mas que tem a saúde mental abalada por históricos familiares dos mais diversos, desde o abuso sexual a negligência propriamente dita.
Pais que não estão e nunca estarão preparados para terem filhos, fazem isso em demasia, os criam sem a menor noção de valores, e depois os mandam para a escola, achando que ela fará o milagre de incutir valores que são de seu compromisso, visto que a família é a célula primeira da sociedade.
Aqui cabe a pergunta: o que fazer? Gostaria de ter uma resposta.

PELO DIREITO DE JOGAR A CABEÇA CONTRA O VIDRO

Recentemente, e por conta de uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, voltou à pauta a questão das drogas, especialmente a legalização da maconha. O ex-presidente defendeu a legalização da maconha com um argumento muito simples e verdadeiro: a guerra às drogas não trouxe o efeito esperado, não diminuiu o consumo e jogou milhões, quiçá bilhões, de dólares fora. Para FHC, se trata de legalizar o consumo e focar os recursos na repressão ao narcotráfico enquanto olha para o usuário como um problema de saúde pública.

Como um pouco de história não faz mal a ninguém, é fato inegável que a humanidade sempre consumiu substâncias psicoativas desde os tempos mais remotos, seja para finalidade lúdica ou ritualística. De uma maneira ou de outra, as drogas sempre fizeram parte do nosso cotidiano, da nossa vida.

Até bem pouco tempo atrás (falo na escala da espécie humana), até o começo do século 20, existiam casas de consumo de drogas, especialmente de ópio, pela Europa. Frequentá-las era como ir a um bar tomar um chopp no fim do expediente. Mas as drogas, pouco a pouco, foram postas na ilegalidade e seus consumidores, enquadrados no código penal, um legado dos “moral majority” estadunidenses.

Maconha era droga de “mexicano vagabundo”; a “malvada” cocaína destruía o superego e transformava o médico num monstro; o álcool atacava as fundações da célula-mater da sociedade, a família. Nunca é demais lembrar que o ápice dessa cruzada foi com a “lei seca” nos Estados Unidos. De repente, tomar um dose de whiskey era crime!

Claro que o consumo dessas substâncias continuou, e continua, a despeito da cruzada. O que mudou foi a forma: se antes um inglês ia a um local público fumar ópio, a substância tem agora de ser obtida no mercado negro, nas sombras, e apenas na escuridão é possível consumir. Esta mudança, claro, trouxe consigo novas figuras, aqueles que conseguiam abastecer o consumidor, ávido por gatilhos que disparassem suas sinapses.

Estava criada a figura do traficante e do tráfico internacional de drogas. De um lado o consumidor; de outro, o traficante. Entre eles, o Estado e sua polícia. A equação estava fadada ao fracasso, mas isso é tema para uma próxima coluna.

Por que descriminalizar? E por que a maconha?
O senso comum, a obviedade: porque a maconha não faz mais mal que o cigarro ou o álcool e como estas últimas são drogas lícitas, não há motivos pra não descriminalizá-la. O problema é que o mesmo argumento pode ser usado para proibir, banir, a cerveja e o tabaco (este caminha rapidamente para a prescrição). Se o cigarro faz tão mal ou mais que a maconha, por que não proibi-lo também?

Descriminalizar significa deixar de ser crime; incluir no ordenamento jurídico alguma ação, para então permiti-la. No momento que agimos assim, tacitamente aceitamos o fato de que qualquer assunto pode ser passível de regulamentação, de legislação, para a aceitação ou para a proibição.

Ora, o que perdemos no século 20 foi justamente a linha que separava aquilo que era passível ser legislado (permitido/proibido) do que simplesmente não cabia nesta lógica. Não achamos justo que nos digam como (ou com quem) devemos dormir, assim como não posso achar justo que me digam se posso ou não jogar minha cabeça contra um vidro.

Liberar, ao contrário, é assumir que existem espaços, esferas, que nenhum juiz ou deputado pode julgar por meio da lei, que só e somente só ao autor cabe a decisão de fazer ou não.

Em síntese: é defender o direito inalienável de que em determinadas matérias o poder supremo é do indivíduo e sobre elas não podem haver normas, regras, poderes que nos permitam ou nos obriguem. Esta atitude se refere às drogas, todas elas, à eutanásia, ao aborto, a dirigir sem cinto de segurança, sem capacete…

Não à descriminalização da maconha! Não à descriminalização das drogas! Que elas, todas elas, simplesmente não sejam passíveis de entrar no circuito de leis. Que pura e simplesmete as leis sequer possam tocar no assunto! Liberar sim, legalizar não.

Parafraseando Thiago de Mello:

“Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários

A partir deste instante
a
liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio”


domingo, 26 de abril de 2009

POESIA - MARIO QUINTANA

“Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu…
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.”

POESIAS - MARIO QUINTANA

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

POESIAS - FERNANDO PESSOA

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.

Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

POESIAS - PAULO LEMINSKI

"Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo,tudo,tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura."

sexta-feira, 20 de março de 2009

INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: COMO RESOLVER?


Honestidade e segurança são palavras-chave para o bom convívio na sala de aula!


O sino do “bendito” intervalo soou mais uma vez aos ouvidos dos alunos e professores. Se reproduzissem o som dos pensamentos de todos, seria um grito aliviador: finalmente! Os estudantes vão para o pátio e os professores para a sala reservada, onde tudo começa! As reclamações sobre indisciplina não são mais comuns, são rotineiras. Os educadores sentam e desabafam mutuamente: fazem observações desalentadoras sobre o aluno que fala o tempo todo, do que acha que a combinação mesa e cadeira é a própria cama, do que só faz palhaçada, do que ri o tempo inteiro, do que finge que está lendo, do que joga papel, do que esqueceu o livro de novo, dentre muitos outros estereótipos!

E o sino bate para a temida volta à sala! Mais uma vez, se fosse possível ouvir os pensamentos, poderíamos escutar coisas do tipo: Ah, não...., Já bateu o sino?, Ai, eu quero embora..., Agora é aquela aula chata..., Não aguento mais tanto barulho, Se não tem outro jeito...., Agora tenho que ir para aquela turma bagunçada, e outros mais.

É verdade... é muito ruim chegar em uma sala desorganizada, onde não há respeito!
E após várias experiências, nós, professores, temos que reavaliar nossa didática e a forma com que temos conduzido nosso cotidiano profissional. Afinal, pode chegar o dia em que o despertador irá tocar e ficaremos deitados por exaustão de pensar em mais um dia de trabalho em uma sala que só nos desgasta fisicamente e emocionalmente.

Como vencer isso? Não há uma fórmula, mas é muito provável que se a indisciplina na sala pretende ficar até o final do ano, medidas precisam ser tomadas pela direção, pela coordenação, mas principalmente, pelo professor, pois ele é a autoridade em sala de aula.

O primeiro passo é esse: nós mesmos reconhecermos que somos autoridades dentro de sala (porém, não vamos confundir autoridade com autoritarismo). Logo, temos que nos impor como tal, a fim de estabelecermos regras próprias para que haja bom convívio. Dessa forma, se fizer uma promessa para a turma, cumpra, pois isso passa segurança e confiança aos alunos. Se errar alguma nota ou em uma atitude, assuma e peça desculpas em público, o que demonstra honestidade, humildade e sabedoria, qualidades admiráveis. Seja amigável e informal, mas dentro de um limite em que o aluno ainda saiba que você é primeiramente professor dele e não amigo. Converse com os alunos abertamente e pergunte se está claro o que está sendo explicado. Se observar que os alunos estão desatentos ou que não entenderam, chame a atenção deles e explique de outra forma e note se surgiu efeito. É importante que o educador esteja pensando na sua didática e procure diversificar as aulas com o intuito de melhorar o rendimento da turma e deixar as aulas mais prazerosas e menos cansativas para ambos.

E mais um ponto fundamental: a turma segue os exemplos que nós damos, então, devemos medir cada ação tomada, a qual não pode ser bruta demais (Saia da sala!), nem temperamental ao extremo (Tudo bem, mas não faça mais isso!).

É importante que os alunos reconheçam aos poucos a forma como o educador conduz sua aula, ou seja, qual a metodologia de ensino imposta. Caso a turma não o faça, é sinal de que está na hora do professor pensar numa outra forma de lidar com determinada turma e a partir desse fato criar novos métodos de ensino, adotar um caderno de anotações, aplicar outros tipos de avaliações (inclusive de si mesmo), adotar uma diferente forma de passar o conteúdo, e assim por diante.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

“Os professores não aprendem a dar aula”

Entrevista: Claudio de Moura Castro, ECONOMISTA

Respeitado como um dos principais pensadores da educação no Brasil, o economista Claudio de Moura Castro acredita que o ensino brasileiro padece de um ciclo vicioso: como a maior parte da sociedade brasileira é educada precariamente, se conforma com a baixa qualidade das escolas. E um dos fatores para a manutenção desse quadro, segundo o pesquisador e colunista da revista Veja, é o processo atual de formação dos professores. Confira a entrevista concedida na sexta-feira, por telefone, desde seu escritório em Belo Horizonte:

Zero Hora – Por que a educação brasileira não avança como desejado?

Claudio de Moura Castro – Porque começa mal. O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostra que menos da metade dos alunos chega à 4ª série funcionalmente alfabetizada. O problema, então, começa já no primeiro ano do Ensino Fundamental. Não adianta consertar o que vem depois. A grande reforma universitária no país seria reformar a 1ª série.

ZH – O que não funciona?

Moura Castro – Uma pesquisa publicada pela revista Veja mostra 80% de satisfação de pais, alunos e professores com a escola no Brasil. E, politicamente, tudo o que você precisa fazer para melhorar a educação é maldade: o aluno tem de se dedicar mais, a prova tem de ser mais difícil, o professor tem de trabalhar mais, tem de corrigir mais, o diretor tem de ser sargentão. Tudo isso tem custo. Por que o secretário de educação ou o diretor de escola vai queimar o capital político dele, se o próprio público não vê a educação como um problema?

ZH – Mas não há uma parcela importante da população que vê?

Moura Castro – Só os educados sabem que a educação não é boa. Como são muito poucos, acabam não contando. Fica difícil fazer algo que envolve custo se pouca gente acha que precisa. Essas pessoas acham que está bom porque a situação física na escola hoje é melhor, tem computador. Só que a sala de aula continua uma porcaria.

ZH – Por quê?

Moura Castro – Os professores, com honrosas exceções, são mal recrutados. Sentem-se desprezados, mal pagos, maltratados. Os alunos que entram para fazer pedagogia são os mais fracos. Olha os vestibulares, a pedagogia está na rabeira. Os professores não aprendem direito o conteúdo e não aprendem a dar aula durante o curso.

ZH – Aprendem o quê?

Moura Castro – Grandes teorias, Vygotsky, Piaget, que foi um cara que nunca falou de educação. Falou da psicogênese do conhecimento. O que interessa é como deve ensinar verbo irregular, como deve formular uma prova, como fazer um plano de aula. Os mais antigos dizem que antes aprendiam a dar aula. Hoje tem uma barreira, tem uma gosma ideológica fortíssima, uma grande resistência à mudança e uma recusa em ensinar aos professores aquilo que eles devem ensinar. Hoje não pode haver acusação pior do que chamar um professor de conteudista, de ter currículo a ensinar. Aí tem outro problema grave do professor, a resistência a uso de materiais estruturados.

ZH – O que são?

Moura Castro – São obras que entram no detalhe de como conduzir os assuntos de aula, passo a passo. É que há uma convicção de que esse tipo de material não pode, o professor é que tem de inventar a aula. E a minha estimativa é de que entre 2% e 3% dos professores têm competência para inventar aula. E, mesmo se tiverem, não têm tempo para isso.

ZH – Que saída o senhor vê para isso?

Moura Castro – Sou moderadamente otimista. A coisa mais importante que aconteceu nos últimos anos foi o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que existe escola por escola, município por município. E os diretores todos sabem o Ideb da sua escola. Eu fui na pior escola da pior periferia de Belo Horizonte, e a diretora lá sabia qual era o Ideb dela. Então, hoje você tem uma medida, uma espécie de GPS da educação.

ZH – Falta usar esses dados?

Moura Castro – Falta os pais aprenderem a apertar mais a escola: “Como é, esse Ideb de vocês não vai avançar?”. Os dados estão referenciados para permitir a comparação com outros países, então dizem quantos pontos tem de fazer para chegar a um nível de primeiro mundo.

ZH – Hoje há um pacto de mediocridade?

Moura Castro – É, é um pacto de mediocridade. Na verdade, nem é isso, porque acham que está bom.

Publicado em 01/02/2009

ZERO HORA

PROVA BRASIL: AVALIAÇÃO DÁ UMA MÁ NOTÍCIA AO ENSINO GAÚCHO


Seis em cada 10 municípios gaúchos avaliados pela Prova Brasil, aplicada pelo Ministério da Educação, não atingiram metas de aprendizagem em língua portuguesa estabelecidas pelo movimento Todos pela Educação para a 4ª série do Ensino Fundamental. Também foram avaliados estudantes de 8ª série nas disciplinas de língua portuguesa e matemática.

Os dados foram calculados a partir do resultado da Prova Brasil de 2007, teste aplicado pelo Ministério da Educação a cada dois anos nas escolas da rede pública (municipal, estadual e federal) da zona urbana do país com mais de 20 alunos nas séries avaliadas.

O percentual de municípios do Estado que não atingiu a meta na 4ª série (58,5%) é quase o dobro daqueles que não chegaram à meta na 8ª série (36,2%). Esse desempenho surpreendeu os especialistas.

Seis em cada 10 municípios gaúchos avaliados pela Prova Brasil, aplicada pelo Ministério da Educação, não atingiram metas de aprendizagem em língua portuguesa estabelecidas pelo movimento Todos pela Educação para a 4ª série do Ensino Fundamental. Também foram avaliados estudantes de 8ª série nas disciplinas de língua portuguesa e matemática.

Os dados foram calculados a partir do resultado da Prova Brasil de 2007, teste aplicado pelo Ministério da Educação a cada dois anos nas escolas da rede pública (municipal, estadual e federal) da zona urbana do país com mais de 20 alunos nas séries avaliadas.

O percentual de municípios do Estado que não atingiu a meta na 4ª série (58,5%) é quase o dobro daqueles que não chegaram à meta na 8ª série (36,2%). Esse desempenho surpreendeu os especialistas.

O QUE É A PROVA BRASIL ?



São testes que avaliam língua portuguesa (competência em leitura) e matemática. A primeira edição, em 2005, foi realizada em 5.387 municípios do país. Mais de 3 milhões de alunos, distribuídos em cerca de 40 mil escolas públicas urbanas, foram avaliados. Além dos testes, os alunos respondem a um questionário com informações sobre seu contexto social e capital cultural.

A interpretação da Prova Brasil, com a análise dos resultados das avaliações aplicadas pelos professores, permite que equipes escolares revejam projetos pedagógicos e que os docentes possam definir mais claramente metas de aprendizagem e objetivos de ensino. Para gestores e governantes, a Prova Brasil oferece informações que possibilitam uma visão global do ensino, auxiliando gestores nas tomadas de decisões e no direcionamento de recursos técnicos e financeiros para promover a melhoria da qualidade da educação.
O QUE A PROVA BRASIL AVALIA?
Aplicada em alunos da 4ª e 8ª séries, contém itens que permitem medir a competência leitora em língua portuguesa e a competência em resolução de problemas em matemática. Juntando os níveis de aprendizagem atingidos pelos alunos de determinada unidade escolar, a Prova Brasil apresenta uma fotografia das escolas, das redes de ensino e do país.
COMO É ESTABELECIDA A META?
A partir do percentual de alunos que obtiveram conhecimentos mínimos na primeira aplicação da Prova Brasil, em 2005, a ONG Todos Pela Educação estabeleceu metas por municípios. A ideia é que todos tenham condições de alcançar a meta nacional, prevista para 2022, de que 70% dos alunos atinjam pontuação mínima para um aprendizado considerado adequado. Para cada município, estabeleceu-se uma meta. A projeção leva em consideração uma curva de crescimento, que começa suave e se torna mais ambiciosa no futuro.
POR QUE NÃO APARECEM TODOS OS MUNICÍPIOS NA LISTA?
Porque a participação é por adesão e nem todos municípios participaram da prova. A avaliação é aplicada em áreas urbanas e envolve escolas públicas (municipais, estaduais e federais).

A escola pública é a Geni

A sociedade brasileira tem criticado a escola com todas as suas forças, desvalorizado o profissional e evitando enfrentar o problema de uma vez por todas

Renata Ferreira Rios, professora de história

Atualmente vivemos em sociedades complexas, onde a distribuição urbana tradicional, com a praça rodeada pela prefeitura, igreja, clube, teatro e escola não descreve mais as intenções desta sociedade: governar, catequizar, reunir, divertir e ensinar. Hoje temos shoppings, land houses, locadoras de DVDs, fast food, academias de ginástica, supermercados, butiques de roupas, sapatos e pães, clínicas para os mais variados fins, enfim, é uma rede de atrativos e funções interminável. E a escola onde fica? À margem deste processo, assim como a prefeitura, a igreja e até a praça (o clube e o teatro foram redimensionados, mas se sustentam, pois estão vinculados com o produto da hora: a diversão).

A escola, a partir da segunda metade do século 20, vem sendo permanentemente criticada dentro da sociedade, o que reflete no valor que lhe é empregado e na sua efetiva função social. A década final daquele século e estes primeiros anos do 21 apresentam de forma gritante este desgaste crônico que vem corroendo o sistema de ensino brasileiro. Primeiro, a substituição da aquisição cultural escolar pela da mídia, descartável e questionável (inclusive quanto ao conceito de cultura!); depois, a sistemática desvalorização do profissional desta instituição, desestabilizando a própria credencial de profissional atribuída ao professor; por fim, os meios de comunicação, que corroboram com a depreciação do professor e da escola, veiculando por todos os seus meios, matérias, muitas vezes tendenciosas, em que a crise do ensino existente hoje é fruto basicamente do despreparo profissional e do descaso deste por seus alunos ou pelo próprio conhecimento. Ainda assim, o ensino é ingrediente farto na maioria dos discursos políticos, principalmente em épocas eleitorais. Por quê?

O ensino é a Geni da nossa sociedade complexa. Sua função é inevitável, seja para dar noções de convívio social, seja para ensinar os princípios básicos da matemática e da escrita, seja para formar futuros profissionais (sem comentários acerca da qualificação, que perpassa a construção pessoal e sua integração no coletivo), a escola, instituição que concentra os elementos cardeais do ensino: professores, alunos, salas de aula, móveis, materiais escolares, funcionários da educação..., é o lugar pelo qual todo cidadão deve e deveria passar alguns anos de sua vida. Seria na escola que a sociedade deveria construir e sustentar suas amarras, pois nem todos seremos médicos, políticos ou mesmo professores, mas todos fomos alunos.

Mas acontece o inverso. A escola tornou-se o único local onde a democracia é vociferada. Tudo lá e de lá pode ser dito. Políticos fazem promessas e depois repassam às direções e funções escolares a responsabilidade pela crise e pela busca de solução; pais em geral contribuem com críticas (quando não com ofensas), mas dificilmente com soluções; alunos desrespeitam professores, colegas e a estrutura física empregada para o ensino, não entendem e não veem razão para estarem ali; os meios de comunicação que buscam vender seus jornais, revistas ou captarem telespectadores para seus telejornais, divulgam matérias muitas vezes suspeitas, com interpretações distorcidas, em que questionam atuação e qualidade profissional de professores, desmerecem reivindicações por melhores salários ou condições de trabalho, e glorificam a função altruísta do professor como vocação, abnegação e complacência. Não tem escapatória, todos jogam pedra na Geni!

Nesta sociedade em crise, em que falta casa, comida, saúde, emprego, afeto, não falta “lugar na escola”. Toda criança tem direito a ela (assim como deveria ter direito a tudo mais aqui citado) e agora parece que a escola tem que suprir os demais. É na escola que a criança deve receber o afeto que lhe falta fora dela, a comida que não lhe é oferecida em outro lugar, o cuidado com a saúde que não é observado por mais ninguém, e ainda alfabetizar e desenvolver conhecimentos para dar condições a este jovem de ingressar na sociedade de trabalho qualificado. A escola pública foi transformada num poço de bondade.

Então, quando os governos desejam verificar a quanto anda a qualidade do ensino, aplicam uma prova, na qual crianças oriundas de não lares, famintas de comida e motivos, devem responder a questões as quais não perguntam sobre sua vida nem lhe indicam razões para ser quem são. As respostas dadas por estes jovens serão entendidas como as respostas da escola e de seus professores, e que acabam por não atingir aquilo que foi externamente entendido como obrigação da instituição pública referida: obtenção de uma classificação quantitativa positiva. A escola pública encobre as demais necessidades, sem conseguir realizar as suas próprias. O sacrifício é em vão e não há reconhecimento. Da criança de um mundo de fome e miséria, sem razões para responder às questões da prova, transferem o fracasso para a escola, que não a transformou num aluno competente e capaz. Estaria aqui, então, uma razão, entendida pelos governos e estendida à opinião pública, de manter baixos os salários e as verbas do ensino?

Porém, há um paradoxo misterioso nisto tudo: qual a razão da educação ser objeto concorrido nos discursos políticos em campanhas e objeto de desprezo fora delas? Um povo bem-educado (no sentido formal) não iria retribuir àquele que lhe permitiu acesso a esta boa educação? Cidadãos bem-preparados não formariam profissionais mais qualificados e, portanto, otimizariam suas funções e os recursos utilizados (o que também abarcaria o meio ambiente)? Será que não há respostas para nenhuma destas questões?

Não há dúvida, a educação está em crise, e com ela a escola e seus profissionais. A onda de massificação massificada de tudo, que nessas últimas décadas sacrifica a qualidade, não sendo mais este um adjetivo com verdadeiro significado, cobre o sistema de ensino até o pescoço, mal o mantendo vivo. A escola deve ser resgatada do meio dessa lama toda que a asfixia, não para retomar o que foi há décadas, mas para estar em dia com o contexto no qual vivemos. Não é com críticas e xingamentos que isso será feito, nem da noite para o dia, todavia o caminho tem que ser traçado e o primeiro passo dado. Devemos nos perguntar qual a função da escola, se é a de preencher os vazios deixados pelo governo e por demais instituições sociais ou desempenhar um papel exclusivo, de ensinar, dar disciplina para que as ideias não se percam na bagunça dos pensamentos, desenvolver o desejo em aprender, permitir que o tempo de aprendizagem seja usado para isso mesmo, não para desordem, desconstrução ou esvaziamento. A escola deve ser escola e não outra coisa inominável na qual está se tornando.

Parece que há um ciclo de formação de opinião que precisa ser rompido. Enquanto nenhuma voz se erguer mais alto que as demais e argumentar que a escola não é a Geni, a educação ainda será a escarradeira social, o saco de pancadas político, e a prostituta do jornalismo.


Depois de mais de um ano trabalhando com educação, mas fora da sala de aula, retorno ao meu elemento. Este fragmento de poesia de Neruda sintetiza minha necessidade.




"Acho que o homem deve viver em sua pátria e creio que o desarraigamento dos seres humanos é uma frustração que de uma maneira ou de outra entorpece a claridade da alma. Eu não posso viver senão em minha própria terra. Não posso viver sem pôr os pés, as mãos e o ouvido nela, sem sentir a circulação de suas água e de suas sombras, sem sentir como minhas raízes buscam em seu barro pegajoso as substâncias maternas."



Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos conquistadores torvos... Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais se viu no mundo... Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais as que eles traziam em suas grandes bolsas... Por onde passavam a terra ficava arrasada... Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes... o idioma. Saímos perdendo... Saímos ganhando... Levaram o ouro e nos deixaram o ouro... Levaram tudo e nos deixaram tudo... Deixaram-nos as palavras. (Confesso que vivi, p.58)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

UMA VIAGEM PELA ARTE CONTEMPORÂNEA


A história em quadrinhos que está sendo publicada hoje, partiu de uma viagem cultural feita por alunos da Escola Estadual de Ensino Medio Albatroz á Bienal do Mercosul, em Porto Alegre.
Lá os alunos tiveram oportunidade de conhecer a arte da vanguarda contemporânea.
Participaram da criação da HQ, as alunas Teji, Tamires, Josiane, Mateus e Gregory.

viagem pela cultura contemporânea

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

ANIVERSÁRIO

Ano Nacional Machado de Assis
2008 é o centenário da morte de Machado de Assis, cujas obras podem ser conferidas integralmente on-line. Lançamentos, seminários e espetáculos teatrais, entre outras atividades culturais e acadêmicas, estão sendo preparados. E, no último dia 19 de setembro, foi também decretado que 2008 será oAno Nacional Machado de Assis, fato que incrementará ainda mais a agenda de eventos que tenham como tema o "Bruxo do Cosme Velho", que é como Carlos Drummond de Andrade chamava o escritor. As ações do Ano Nacional Machado de Assis começam já em 2007, mais precisamente em 23 de outubro, com uma exposição sobre as obras do escritor na 27ª Feira do Livro de Santiago, no Chile.

UM OUTRO MACHADO

Às vésperas do centenário da morte de Machado de Assis, revista EntreLivros traz dossiê sobre o Bruxo do Cosme Velho; estudos recentes revelam novas facetas do autor de Dom Casmurro.Em 2008 completam-se 100 anos da morte de Machado de Assis, um dos maiores gênios da literatura brasileira, motivação que levou a revista EntreLivros a publicar, em outubro, um revelador dossiê sobre o autor. Nele, são apresentadas nuances da obra do autor que somente agora começam a ser descobertas por especialistas.Abrindo a série de artigos, a crítica literária Cláudia Nina comenta os novos estudos sobre Machado e os temas que até então pareciam "ocultos" em sua obra. A preocupação quanto às desigualdades sociais de sua época, o feminismo e a homossexualidade são dignas de seu posicionamento, ainda que por meio de pseudônimo ou pelo uso da ironia, artifício típico de sua obra. A autora também lista os estudos mais recentes e os que estão no prelo, com lançamentos previstos para o próximo ano.Em outro artigo do especial, Cilaine Alves Cunha aborda os diferentes olhares que a crítica teve e tem sobre os textos de Machado e apresenta uma lista de 13 obras que comprovam a inexistência de unanimidade entre os que estudam o autor.Já o texto assinado pelo professor Elias Thomé Saliba trata do humor e da ironia na obra machadiana. A revista também consultou 18 escritores brasileiros que apontaram o melhor conto do bruxo do Cosme Velho em suas opiniões.A edição de outubro de EntreLivros traz ainda uma entrevista com o escritor mexicano David Toscana; um artigo sobre a prosa húngara do século XX; uma reportagem sobre o novo livro de Umberto Eco, que chega agora às livrarias do Brasil e, na seção Biblioteca Essencial, a indicação de 10 livros que tratam da vida das crianças.Sobre EntreLivros - www.revistaentrelivros.com.br

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

VAI PIORAR

Lya Luft
"Tolerância zero com tudo o que nos desmoraliza e humilha, perseguição implacável ao cinismo, mudança total nas futuras eleições, faxina no Congresso"Escritores devem escrever, palestrantes devem falar. Qualquer pessoa tem a obrigação de pensar e o direito de se expressar. Claro que isso não acontece num país de analfabetos, onde não se tem interesse em que o povo pense: um povo informado escolheria outros líderes, não ficaria calado quando pisoteiam sua honra, expulsaria de seus cargos os pseudolíderes e tentaria recompor as instituições aviltadas. Mas nós não fazemos nada disso: parecemos analfabetos e afásicos, uma manada de bobos assistindo às loucuras que se cometem contra nós, contra cada um de nós.
E eu, que tenho as duas atividades, escrever e eventualmente falar, que desde criança fui ensinada que cabeça não foi feita só para separar orelhas, mas para pensar, questionar – e também para ser feliz –, neste momento, não sei o que pensar. Muito menos o que responder quando me perguntam interminavelmente o que estou achando, como estou me sentindo. Estou virando pessimista. Não em minha vida pessoal, mas em relação a este país. Ou melhor: a seus governantes, autoridades, homens públicos, políticos. Mal consigo acreditar no que se está passando. A cada dia um espanto, a cada dia uma decepção, a cada dia um desânimo e uma indignação.

Este já foi o país dos trouxas, que pagam impostos altíssimos e quase nada recebem em troca; o país dos bobos, que não distinguem um homem honrado dum patife, uma ação pelo bem geral de uma manobra para encher o bolso ou galgar mais um degrauzinho no poder a qualquer custo; o país dos mistérios, onde quem é responsável absoluto não sabe de nada, ou finge enxergar outra realidade, não a nossa. Hoje, estamos ameaçados de ser o país dos sem-vergonha. A falta de pudor e o cinismo imperam e não há, exceto talvez o Supremo Tribunal, lugar totalmente confiável.

Entre os políticos, com cargos ou não, impera um corporativismo repulsivo – ou estaremos todos de rabinho preso? Nós, povo que se deixa enganar tão facilmente, que pouco se informa e questiona, vamos nos tornando da mesma laia? Seremos também, concreta ou moralmente, vendidos? Quando eu era menina de colégio, às vezes os rapazes se insultavam gritando "vendido!", não me lembro bem por quê. Deviam ser questões esportivas. Um ponto não marcado, um gol roubado. Era grave insulto. Hoje, parece que ninguém mais liga para insultos, leves ou pesados – nada pega, tudo é água em pena de pato, escorre e acabou-se. Um povo teflon. Vemos líderes vendendo-se em troca de comodidade, cargo, poder, dinheiro, impunidade,preservação de algum sórdido segredo, ou simplesmente a covardia protegida.

Quem nos deve representar sumiu no ralo. Quem nos deve orientar se transformou em mamulengo. Quem nos deve servir de modelo chafurda na lama. E nós, povo brasileiro, nos arrastamos na tristeza. Reagimos? Como reagimos? Pintamos a cara e saímos às ruas aos milhares, aos milhões, jogamos ovos podres, paramos o país, pacificamente que seja, tentamos mudar o giro da máquina apodrecida? Aqui e ali um tímido protesto, nada mais.

De algum lugar surgiram os senadores que votam às escondidas porque não têm honra suficiente para enfrentar quem os elegeu; os deputados pouco confiáveis, alguns duvidosos ministros, de onde surgiram? De nós. Nós os colocamos lá, nós votamos, nós permitimos que lá estejam e continuem – nós, através das mãos dos ditos representantes, instituímos a vergonha nacional que em muitas décadas será lembrada como um tempo de opróbrio.

E não argumentem que a economia está ótima: ainda que esteja, digo que me interessa muito menos a economia do que a honra e a confiança, poder ser brasileiro de cabeça erguida. Existe o Bolsa Família, a miséria está um pouco menos miserável? Pode ser. Mas os hospitais continuam pobres e podres, as escolas e universidades carentes, as estradas intransitáveis, a autoridade confusa e as instituições esfaceladas,os horizontes reduzidos. O Senado terminou de ruir? Querem até acabar com ele? Pode parecer neste momento que ele não faz muita falta, mas sua ausência seria um passo para o Executivo ditatorial, a falência total da ordem e a perda de um precário equilíbrio.
Com pressentimentos nada bons, faço – embora sem grande esperança – uma conclamação: tolerância zero com tudo o que nos desmoraliza e humilha, perseguição implacável ao cinismo, mudança total nas futuras eleições, faxina no Congresso, Senado e câmaras, renovação positiva no país. Conscientização urgente, pois,acreditem, do jeito que vai a coisa tende a piorar.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ainda sobre racismo


Racismo é discriminação de pessoas por sua cor ou raça.

Quando um negro vai procurar um trabalho, as vezes ele não consegue por causa de sua cor, e vai uma pessoa branca e consegue o emprego.

Na escola também é assim. As pessoas ficam fazendo brincadeiras de mau gosto e soltando piadinhas, botando apelidos como pretinho, carvão. Os negros sofrem muito com isso. As vezes eles deixam de ir à escola por conta destas coisas.

Outras vezes um negro passa na rua e as pessoas ficam olhando com uma cara de desprezo e nojo.

Eu já presenciei uma cena de racismo. Uma vez eu fui na lancheria e estava entrando um negro e o dono mandou ele ir embora porque ali não era lugar de negro.

Todos somos iguais, não importa a cor, o que importa é a pessoa e o seu coração.

O racismo deveria acabar.

Texto produzido pela aluna Maiara Goulart. Escola Albatroz - 7ª série - Osório- Rs- Brasil.

Conversas sobre discriminação

Eu não entendo muito sobre racismo, mas sofro um pouco, porque sou gordo e fazem brincadeiras abobadas. Eu não digo nada, só fico rindo.
Meu avô é negro, eu gosto dele. Ele não é parente de sangue do meu pai, mas ele é tri. A minha vó é quase negra, eu puxei por ela.
Lá em Morro Alto, o vizinho da minha vó é negro, ele foi trabalhar e o patrão dele chamou ele de negro e de tudo quanto foi nome. Ele ficou brabo e botou o patrão dele na justiça e ganhou R$ 9.000,00. Ele é amigo de todo mundo.
Lá em Morro Alto já foi um Quilombo, a maioria das pessoas que moram lá, são negros, eles são respeitados.
No ano passado eu tinha uma colega que era negra e a gente estava fazendo um teatro. O papel dela era da abelha que me mordia, e eu disse pra ela que ela tinha que soltar o cabelo "assolan". Ela ficou muito braba, masdepois eu pedi desculpas e ficou tudo bem.

Produção textual do aluno Rodrigo Leite da Silva. Turma 71 Escola Albatroz- Osório -RS