ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA APELES PORTO ALEGRE
NOME.......................................................................TURMA................
A BAILARINA E O VASO CHINÊS
Ele era um vaso chinês.Dizem que tinha
gerações de história e por isso o reverenciavam. E a reverência dava-lhe um
pedestal de orgulho, de forma que guardava em si mesmo suas palavras, pois
fazia conta de que fossem de grande valor.
Era
um vaso chinês, mas era vazio. Não o enchiam com água para depositar nele rosas
e outras coisas efêmeras.
Certo
dia, ele conheceu a bailarina da caixa de música e encantou-se pelos seus
movimentos graciosos. Mas ela não fez caso daquele amor.
__
Ah! Não posso amar-te. Veja como sou livre e posso dançar? Somos tão diferentes.
Não sei que seria de mim se me fosse reservado um pedestal, como esse em que te
prendes.
Invejo-te,
eu confesso. Depositaria em tuas mãos todo o meu passado, para que tu o
atirasses para o alto como pó inútil, como se isso me tornasse alguém digno de
ti, se isso fosse mágica que me transformasse num par com leveza e graça para
acompanhar-te numa música eterna.
E
o vaso chinês continuava cada vez mais vazio. As palavras que guardara como se
fossem tesouro escapavam dele, mas sequer conseguiam chegar ao coração se sua
amada, desvanecendo-se na distância entre o pedestal e a estante onde ela
morava.
Certa
noite, o vaso acordou de seu sono de porcelana. Pensara ter ouvido a doce melodia da caixinha de música.
Logo percebeu que ela estava fechada em seu lugar e que a música era apenas o
eco da paixão que, daquele dia em diante, passou a atormentar suas madrugadas.
Um
dia, o destino, que tem mãos descuidadas de crianças, excedeu-se ao dar corda à
caixinha, de modo que a mola da engrenagem quebrou.
Lamentou-se
a bailarina de seu triste fado. A pista de espelho tornou-se um pedestal de
gelo, que refletia sua imagem inerte e triste.De longe, também o vaso chinês se
condoia com o desamparo de sua amada.
__ Ah, minha pobre bailarina. Lamentava-me
de não ser livre como tu eras, mas hoje vejo-te presa a uma inocente criança. E
eu, que me imaginava o mais inerte dos seres, sou de fato mais livre, pelo amor
que sinto e que dá sentido à minha vida!
__
Creio na sinceridade desse amor. Mas que posso eu fazer para corresponder-te?
Tu me amavas pelo que eu era, mas que sou agora?
__Amo-te
com a mesma intensidade.
__
Como podes contentar-te com tão pouco? Apenas olhar-me?
__Se
tudo que posso é olhar-te, então o que mais desejo. Mas tenho em mim guardada a
fonte de tua felicidade e sei, como sei que te amo, que um dia depositarei em
tuas mãos não o meu passado mas, aquele tempo que nos foi reservado e que virá.
__
Chegou o dia em que as mãos infantis tentaram novamente acionar a caixinha de
música. Irritada com o
mecanismo que não mais funcionava, agarraram a pequena bailarina e a atiraram a
esmo.E ela foi cair justamente dentro do vaso chinês. Onde um baile acontece
todas as madrugadas e dois corações agora dançam.
Marco Túlio Costa
Procure no dicionário o significado das palavras abaixo:
Reverenciar-
Pedestal-
Efêmera-
Desvanecer-
Fado-
Inerte-
Condoer-
Esmo-
Interpretação do texto
1- Quais são os personagens do texto?
2- Como era a vida da bailarina antes do
triste episódio de perder a liberdade?
3- O que você achou da atitude do vaso chinês
diante do acontecido?
4- Na sua opinião, que lição de moral a bailarina teve depois do que
aconteceu com ela?
Nenhum comentário:
Postar um comentário